quinta-feira, 21 de abril de 2011

Evoluções e divergências do novo século

Livro: SECVENKO, Nicolau. A Corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Cia das Letras, 2001


Nicolau Sevcenko é historiador e professor de história da cultura, na USP – Universidade de São Paulo, autor de obras consagradas escreve livros que proporcionam reflexões sobre temas atuais como A Revolta da Vacina, Orfeu Extático na Metrópole e “A corrida para o século XXI” que aborda assuntos relacionados a transição entre os séculos XX e XXI. 

A introdução do livro relata detalhadamente as sensações de uma montanha-russa, relaciona os sentimentos que ocorrem durante um passeio no brinquedo com as modificações atuais na sociedade, decorrente do avanço tecnológico e modernidade na entrada do século. 

Um marco dos avanços tecnológicos, culturais e econômicos foi o termino da Segunda Guerra Mundial, nesse período uma área que teve grande expansão foi a de comunicação, os meios de comunicação de massas garantiram ligação e informação entre países. 

No primeiro capítulo “Aceleração tecnológica, mudanças econômicas e desequilíbrios” é relatada a ascensão da Revolução Científico-Tecnológica, todos os avanços pós-guerra e a influencia dessa evolução na economia. Durante a leitura é nítido a ligação de fatos históricos citados no livro que fazem parte da realidade mundial e são perceptíveis até hoje. “... Esse processo revela que as grandes corporações ganharam um poder de ação que tende a prevalecer sobre os sistemas políticos, os parlamentos, os tribunais e a opinião publica...” e retrata a formula encontrada pelas grandes corporações para gerar renda acumulativa no sistema capitalista “A nova formula mágica é: Capitalismo sem trabalhadores mais capitalismo sem impostos”. 

Sevcenko citou também a Guerra Fria, a divisão do mundo entre o bloco socialista e capitalista que acabou com a queda da União Soviética. 

O discurso que buscava um novo contexto político elaborado por Reagan-Thatcher, esclarece o modo de pensar abordado na época: “Não há e nem nunca houve essa coisa chamada sociedade. O que há e sempre haverá são indivíduos". 

A idéia de individualidade trouxe a tona às marcas do capitalismo que as propagandas, e empresas utilizavam neste período para convencer e incentivar o consumo. Principalmente com a ideologia consumista implantada nas camadas sociais ”Eu consumo, logo existo”, onde as características pessoais são camufladas pela roupas, acessórios, equipamentos tecnológicos que obtenho enfim, mais vale o valor das coisas que tenho poder do que o que posso fazer pela sociedade. Fato que caracteriza a desigualdade social que instiga a população a almejar um bem que nem sempre é comum e viável. 

O Neoliberalismo impõe de certa forma uma submissão incondicional ao neocolonialismo, gerando desde o início desse século potencias mundiais que se mantém até os dias de hoje. Desenvolvendo Instituições que garantiram o status de “líder global” como o Banco Mundial e o FMI – Fundo Monetário Internacional. Que dão suporte financeiro para países de Terceiro Mundo ou em Desenvolvimento, porém gera certa dependência financeira e até cultural desses países exportando uma cultura industrializada e sem raízes locais. “A questão não era mais promover o desenvolvimento, mas fazer com que grande parte dos bens, dos recursos e dos mecanismos de decisão das ex-colônias retornasse ás antigas metrópoles colonizadoras”. 

Com isso o crescimento da indústria se tornou conivente a tudo que se modernizava ao redor do mundo, a classe operária cresceu e o desenvolvimento das indústrias cada vez mais freqüentes. Assim a luta pelos direitos dos trabalhadores é exposta no segundo capítulo: “Máquinas, massas, percepções e mentes”. A comunicação citada na introdução é focada nesse capítulo abrange o crescimento das grandes metrópoles. Aborda o consumismo e influencia na sociedade, de pessoas “esclarecidas”, mas facilmente influenciadas. Porém que possuem criatividade para criar o movimento pop nos anos 50 – A Pop Art que expande através da Televisão, moda, filmes e todo movimento de arte engajada ligado a interesses comuns. Informações e meios de expressões ao máximo de publico possível. Mesmo ultrapassando as barreiras, censuras e limitações. 

A arte como bem de consumo, e acessível fez com que ritmos como o jaz e o Hip hop se consagrassem, a musica eletrônica marcou presença e muitos níveis sociais se interligaram através de manifestações artísticas. 

O terceiro capítulo: “Meio ambiente, corpos e comunidades” trás conseqüências da globalização à natureza, alerta quanto aos danos que podem ser irremediáveis em todas as esferas sociais. Porém mostra que uma parte considerável de tudo que a humanidade conquistou hoje é decorrente de esforços e medidas aplicadas no século passado. 

A leitura dessa obra proporciona uma degustação de tudo que somos obrigados a digerir continuamente durante a correria cotidiana. Mudanças que estão ao nosso redor, porém se tornam imperceptíveis em algumas situações. É possível durante análise pensar e formar uma visão crítica e mesmo em controvérsia a pontos do texto, otimista de tudo conquistado no século XXI. 

Mirtes Lima, elaborado para atividade  – 2010

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