quinta-feira, 21 de abril de 2011

Vinil Verde

          O Surrealismo envolve a trama de Vinil Verde, um dos cincos filmes brasileiros exibidos este ano na seleção da QUINZAINE DES REALISATEURS, em Cannes. Curta-Metragem idealizado e dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho crítico e jornalista especificado em cinema é uma adaptação livre da fábula infantil Russa e Ucraniana “luvas Verdes”, história popularmente conhecida por amedrontar crianças que ousam desobedecer a seus pais, usando da criatividade e o suspense para instigar a imaginação.
Essa história se fez presente na infância da co-roteirista ucraniana Bohdana Smyrnova, que sugeriu a fábula para Kleber Mendonça Filho. Lembra as fábulas e lendas urbanas conhecidas no Brasil como “Boi da Cara preta”, “Bicho Papão” ou até mesmo “loira do banheiro” citada também em outro curta de Kleber Mendonça Filho, “A menina de algodão”.Histórias que inspiram o medo como forma de controle, educa de forma ilustrativa usando o sentido figurado, passando de geração em geração.
O filme se passa no bairro de Casa Amarela em Recife, conta a história de uma família de classe media, composta por mãe e filha, a mãe presenteia sua filha com uma caixa que contem vários disquinhos de vinil, com coloridos e com belas cantigas infantis, a filha que fica sozinha em casa tem como distração escuta-los, porém sua mãe a proibiu de ouvir o disquinho de cor verde.  A criança desobedece. Tentada a ouvir o disco percebe uma certa estranheza e aos poucos provoca a morte de sua mãe.
A historia de baseia nessa tentação continua , a atração por aquilo que eventualmente pode lhe causar mal, deixando uma reflexão de valores, índole, obediência , mas de forma humorística e bem interpretada pelo narrador Ivan Soares ( ator que disponibiliza o seu interpretar através da voz e do sotaque local)  a jovem atriz Gabriela Souza (filha) e  Verônica Maia (mãe) que nunca haviam atuado antes e são mãe e filha na vida real, transparecendo a sintonia mesmo com através de fotografias.
Esse é outro diferencial deste filme, é rodado todo em “stills” composto por cerca de 500 fotos, reveladas escaneadas é provavelmente uma homenagem ao média-metragem “La Jeteé” que também produzia através de fotografias do francês Chris Marker, citado durante os agradecimentos.
O filme premiado trás uma mensagem de reflexão é uma boa alternativa para aqueles que querem educar seus filhos através da cultura, é o cinema de entretenimento e utilidade publica.

Mirtes Lima

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